terça-feira, 25 de agosto de 2009

Culpa é um negócio muito estranho mesmo

Muito nosso e ao mesmo tempo muito indesejável também. Você passa os dias esperando que nunca a tenha e se boicota o tempo todo com desculpas esfarrapadas para escapar dela, mesmo quando se está encoberto com ela até o pescoço. E quando finalmente se dá conta da real situação em que se encontra, essa culpa que estava inativa deixa espaço pra um arrependimento sem tamanho que consome você pedaço por pedaço, primeiro mente, depois corpo, sem pressa nenhuma, até que o tempo colabore e faça o favor de colocar em stand-by esse estado corrosivo e ácido que nos torna carrascos de nós mesmos.

A verdade é que ninguém admite ou se sente confortável para se afirmar dessa forma. A frase: "A culpa é minha" não é algo que sai da boca com muita facilidade e nunca é dita com orgulho, nunca é finalizada com um sorriso no rosto. Culpa é meio como um defeito ou uma ferida no ego que todo mundo prefere manter a uma certa distância, mas que teima em ficar cada vez mais perto, nas mais diversas ocasiões, mesmo quando não se faz perceptível, dando as caras somente horas ou dias depois do evento causador, mas que quando aparece tem efeito e força suficiente pra permanecer viva e incômoda por muito tempo. É como se ela guardasse e conservasse o seu poder dentro de cada um, esperando o momento certo de vir à tona, liberar o seu potencial e nos mostrar como nos enganamos, como somos cegos à respeito de nós mesmos, como podemos nos surpreender com o que fazemos, no exato instante em que encaramos os fatos e vemos as falhas e as injustiças que cometemos ao longo da vida.

Porém, excetuando todas as conotações negativas, essa culpa possui grande valor quando nos obriga a fechar os olhos e ver o lado de cá da nossa existência, nos ajudando a nos compreender melhor, a entender porque fazemos e dizemos coisas nos momentos mais inapropriados e inoportunos, e como somos “culpados” novamente em não fazer isso mais vezes, em não se dar conta de como essa auto-reflexão faz falta, em ignorar a lógica e a certeza de que esse exercício evitaria muitas situações e sentimentos como esse caso ele fosse mais utilizado. Utilizado no momento certo, na hora em que ainda é possível evitar essa culpa e não mais quando o que resta é só lamentação e arrependimento.

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Como toda mãe que se preze

E que preze sua prole, evidentemente. Minha mãe é daquele tipo que liga pro filho à uma da manhã, no auge da festa ou de qualquer outra coisa que esteja acontecendo, achando que ele foi raptado repentinamente por algum membro da Al Qaeda, ou que foi abduzido por seres de outro planeta, ou que, no mínimo, foi assaltado e se encontra prestes a aprarecer naqueles programas policiais sanguinolentos que são estrategicamente exibidos na hora do almoço (aliás, não tem hora mais inadequada e inapropiada pra se ver a guerra urbana de todo dia do que essa, não tem). Enfim, o diagnóstico final é que minha mãe sofre de excesso de preocupação quando os filhos resolvem finalmente sair de casa. Coisa de mãe insone e desocupada, certo?!

Errado. Muito errado.

Isso é coisa nossa, de todo mundo. E não precisa ser mãe e ter um filho pra passar por isso, basta ser humano e ter um pouco mais de juízo e noção da realidade e do que acontece ao seu redor. O mundo tá começando a se tornar quase inabitável, e faz a gente se preocupar cada dia mais com tudo e com todos em decorrência de um quadro geral cada vez mais eficiente em provocar esse tipo de medo, de alerta constante e mais uma série de outros sentimentos que desarmam e inoperam as pessoas.

A paranóia que é criada na nossa cabeça é tamanha, que hoje, ao receber um simples e-mail com o subtítulo de "Comunicado URGENTE", eu fico logo a me perguntar quem que foi a vítima do mundo dessa vez, quem que foi mais uma refém dessa situação, quem que não teve tanta sorte e acabou morrendo, quando na verdade o aviso era sobre uma simples e habitual pane no sistema elétrico do campus, e que adiará nossas atividades acadêmicas em pouco mais de uma semana. O que é bom, de certa forma, já que isso também é sinônimo de descanso e de férias por tempo mais do que limitado. Isso pode até parecer exagero de minha parte, que seja. Só tomem cuidado quando nomearem e me enviarem os e-mails, pois - tenho certeza que não diferente de muita gente - possuo um histórico nada agradável de mensagens que chegaram dessa forma nos últimos meses e com um conteúdo digno da capa da página policial de um jornal, falando de pessoas próximas/conhecidas que não se assemelham em nada com a "urgência" de um quadro de luz queimado e danificado.

O mundo tende a nos tornar a cada dia um pouco mais paranóicos. E hoje eu compreendo muito bem o motivo de mães, mães de verdade - e não as que apenas colocam crianças no mundo -, ligarem pros seus filhos em alguma hora da noite pra saber se o coração delas ainda bate e se a vida continua. Pois é exatamente isso o que o mundo atual planta nas pessoas, e essa floresta de medo e preocupação só cresce e aumenta todos os dias com tanta vítima adubando e fortificando esse terreno.

sábado, 15 de agosto de 2009

Sim, sim estou vivo e respirando

E com o foco mais do que bem direcionado. A falta de posts por aqui não se deve mais as tão batidas e velhas desculpas de falta de tempo... ora, ora, vejam só... A questão é que agora estou me dividindo em dois espaços na rede. E como toda novidade traz contida dentro de si um poder de atração maior - pelo menos no início - tenho me dedicado mais ao outro endereço do que este já idoso e cabisbaixo blog em que você se encontra agora.

Faz mais ou menos uma semana que eu estava dando uma olhada nos posts antigos da minha lista e notei que a maioria das publicações da primeira página tinham um assunto em comum e falavam praticamente a mesma coisa o tempo todo. E essa coisa acabou me motivando a criar este sítio que ainda está engatinhando, mas numa velocidade razoável e que me motiva a produzir mais e mais a cada dia. E por conta disso tenho me ausentado dos serviços que exercia por aqui.

Então é isso, a desculpa da ausência é mais do que válida. Estou lá e cá ao mesmo tempo, por hora mais lá do que cá, porém, sempre que der estarei atualizando esta página. Afinal de contas, dois anos de relação não se rompem assim desse jeito. A gente pode até transparecer indiferença e distância, mas a ligação daí construída é eterna e permanente. E desfazer isso tudo é tarefa quase impossível.

domingo, 9 de agosto de 2009

"No Stress"

É a lei e a ordem desse semestre. Convenci a mim mesmo de que estudar demais me leva aonde quero sim, só que de quebra trago comigo muito dor de cabeça e ansiedade espalhadas pelo caminho. E isso deixa marcas profundas, tanto dentro como fora da cabeça, e o resto do corpo responde quase da mesma forma.

Então a partir de agora quero isso em doses cada vez menores e em períodos cada vez mais raros. Por isso é viver mais e estudar menos. Digo, estudar não mais por obrigação, mas por vontade. E com essa vontade não deixar que o conteúdo escape feito água entre os dedos como acontecia antigamente. É uma atitude experimental que espero realmente que funcione. Do contrário daqui a seis meses venho aqui reclamar de tudo mais uma vez e aconselhar que você não faça nunca algo parecido. Só com o porém de que nessa hora o corpo estará mais são do que das outras vezes e a mente mais arrependida do que nunca. Ou não, quem sabe. Só sei que a ordem agora é não se preocupar e deixar que o barco siga, com o rumo definido mas sem pressa, quase à deriva, à mercê dos ventos e ver em que praia isso vai dar.

sábado, 8 de agosto de 2009

Voltei no tempo

E me vi criança novamente ao assistir "A Fantástica Fábrica de Chocolates" agora há pouco. Criança com os dois pés na fantasia e a cabeça no mundo real, ou então os dois pés no real e a cabeça na fantasia, pois se tratando de Tim Burton não dá pra saber se é a mentira que se torna verdade ou o oposto, o certo é que ver um de seus filmes é como ler uma HQ sombria e surrealista, mas mesmo assim uma HQ. E esse não é diferente. Deixei minha porção criança vir à tona e gostei muito do que vi, como se tivesse voltado no tempo uns dez anos e, jogado no chão da sala, despreocupado total com a vida, visse a primeira versão do longa numa tarde qualquer pela tevê.

Tim Burton é mesmo um insano contador de histórias, e faz isso como ninguém. Sua assinatura é identificada imediatamente na tela, seja pelo tom mais escuro das cenas, pela caricatura exagerada dos personagens, pelos detalhes imagináveis apenas na cabeça dele dos cenários ou simplesmente pela forma de narrar a história, contada literalmente, como quem conta uma fábula à beira da cama de uma criança pra ela dormir. E eu sou muito fã dessa insanidade toda e dessa imaginação fervente que ele impõe nos seus trabalhos. Mesmo não os vendo com tanta frequência, porque às vezes tanta inovação e quebra da "normalidade" me incomodam e então eu preciso ver algo mais 'pé no chão' pra me situar e não me embriagar demais com os filmes do cara.

E o mais interessante disso tudo foi rever a mesma história sob uma ótica totalmente contrária àquela de antigamente. Até porque não se trata de um remake, mas de uma outra adaptação do mesmo livro que gerou os dois filmes, então não tinha como ser diferente. Só fiquei com uma questão mesmo em aberto: qual o motivo da referência à "2001 - Uma odisséia no espaço" na segunda metade do filme?! Que sentido e que importância tem isso pro filme?! Mas, afinal de contas, os filmes do Tim Burton tem lá alguma lógica ou sentido que necessite de explicação?! É bem provável que não...

domingo, 2 de agosto de 2009

"Everything with you"

Do "The pains of being pure at heart" é a música que está, ao mesmo tempo, no toque do meu celular, em repeat constante no meu MP4 e em loop no meu PC, há dias, sem parar. E o clip, meio artesanal e meio retrô, é coisa que eu também não canso de ver...