domingo, 17 de fevereiro de 2008

O Japão é aqui

Assim que o relógio da parede girar o tempo necessário pra que minha mãe deixe de dormir calçada e pronta pra correr estrada a fora ao menor sinal de balanço, me lembre de dar aqui um breve comentário sobre o tremor que sacudiu boa parte do chão seco e calejado dessas bandas de cá do Ceará, na qual piso e habito por tempo indeterminado.

Quando criança, eu tinha uma lista de itens indesejados a experimentar, do tipo quebrar o braço, engessar a perna e por aí vai. Coisas estúpidas, onde também estava meu desejo sadomasoquista de sobreviver a um fenômeno natural como furacão ou terremoto. O que houve aqui, na verdade, está longe da classificação de terremoto. Tá mais pra um tímido e modesto tremor de terra, mas tremedeira essa que foi suficiente pra deixar muita gente vigiando o teto e as paredes a noite inteira.


Aqui quem me avisou foi o teclado, saltitando feito um celular tocando no modo vibracall. Depois foi minha cadeira, de plástico, branca, aquela das aulas bolshói, dando uma de cadeira de balanço, indo e vindo, da esquerda pra direita. Fui até à sala, e lá encontrei seis olhos estufados e paralisados no nada. Eram minha mãe, a irmã e a cachorra, cada uma mais inoperante que a outra, reclusas e intactas com o maior esboço no rosto de "que diabo foi isso?". Na rua, cena parecida, gente, gato, cachorro, papagaio, tudo sob o forte e competente abrigo das calçadas.


O mundo está às mínguas mesmo. É a água afogando tudo em San Pablo, é a bala fuzilando debaixo dos braços abertos do Cristo, é a mata fugindo sozinha das reservas amazônicas, é o vento carregando tudo no sul, o nordeste sacudindo... E você achando que as coisas não poderiam piorar.

Mais detalhes do acontecido aqui, aqui, aqui e aqui.

Um comentário:

JoaoBoscoJr disse...

onde fica mesmo a "Serra da Marioca"? rsrsrsrsrsrsrs
tá no primeiro link "aqui"...