sexta-feira, 27 de março de 2009

Quase tudo nessa vida tem dois lados

O seu duplo. Um lado positivo e outro negativo. Um bom e um ruim, dependendo do ponto de vista. Sou cheio disso, sintomas e sentimentos duplos, e um daqueles que eu levaria com toda certeza à baila durante um tratamento, era o fato de eu me envergonhar muito pelos outros.

Não sei se considero isso como um alto grau de empatia desenvolvido com o tempo ou como mais uma estupidez sem fundamento e redícula que eu insisto em manter junto comigo. Me encabulo mesmo, a ponto de me fazer mal e de me sentir ameaçado pelo olhar dos outros como se fosse eu o prejudicado pelo embaraço. O problema é que eu me enxergo muito no outro, me coloco em cada situação que testemunho, e fico me perguntando qual seria minha reação diante daquilo. E se fosse eu? Faria o que ali? Provavelmente nada. Agir quando não devo e não agir quando devo é o que mais faço nessa vida. Tenho outro costume ridículo e estúpido, e que me dá uma imensa raiva de mim mesmo, que é o de conseguir uma resposta ou um reação coerente horas depois do acontecido. Daí vem o suplício e o arrependimento. E o "porque que eu não pensei nisso antes" ou "porque não fiz isso ou aquilo" me perseguem o tempo todo depois. Podem passar dias, meses, até anos, mas essas coisas sempre conseguem ficar mais presas na cabeça do que qualquer outro traço de memória. Por melhor que qualquer vivência tenha sido, tem sempre um incômodo que é mais forte e que sabe muito bem encobrir todo resto e fica lá à vontade na consciência, fazendo o que bem entender com ela, comigo e com o que eu faço.

E não adianta tentar pensar em outra coisa, esse tipo de lembrança tem vontade própria e força o suficiente pra se manisfestar quando bem entender. E num adianta reclamar, tem que deixar aquilo vir à tona, deixar fluir o efeito que só assim ele se satisfaz e finalmente vai embora. Por pouco tempo, mas vai. Sempre tem uma hora que vai. E é isso que importa.

E como tudo, ou quase tudo nessa vida tem dois lados. Eu sempre fico sem saber por qual definição escolher. Se é positivo ou negativo não sei. Fica a critério do pessimismo ou do otimismo de cada um. Tem quem ria em situações de vergonha pública, assim como eu também, às vezes. A questão é que não fica só ali, aquilo me acompanha depois. Eu rio por fora, mas por dentro enterro minha cabeça e tento esquecer quem existem outros como eu no mundo.

domingo, 22 de março de 2009

Não dá pra confiar no que dizem pela internet

Wikipédia, nem pensar. Orkut então, chega a ser ridículo o se encontra com um pouco de tempo e paciência entre um tópico e outro pelas comunidades. E o poder que se investe nisso é tão grande que sempre tem quem se sugestione por tudo - ou quase tudo - que dizem ali. Não que nada daquilo seja verdade. O que pretendo com isso é deixar claro que cada um tem o direito de defender seu ponto de vista e sua maneira de analisar as coisas. A ressalva que faço fica por conta de que antes de mais nada é preciso ponderar cada informação e não sair repetindo tudo como se fosse a verdade mais indubitável que existe. Que isso além de ser feio é um atestado carimbado e reconhecido em cartório da mais pura ingenuidade. Isso pra não dizer de completa burrice.

Só à título de exemplo, cito o seguinte link que encontrei hoje e onde, até este exato momento, 56 pessoas já discutiram sobre o que diabos seria aquela chuva de sapos nos últimos 30 minutos de Magnólia (filme que revi ontem depois de quase 10 anos). 56 teorias diferentes é o que dá pra identificar logo de cara, 56 definições de uma mesma coisa, talvez menos porque sempre tem quem concorde com a opinião dos outros, então ficamos na casa dos 30 ou 40. Isso se deve a uma razão bem simples: cada um tem uma história diferente, uma bagagem única e uma forma de conceituar as coisas que é só dele e de mais ninguém. Se você for um evangélico ferrenho e sabe a Bíblia de cor, é quase inevitável que você faça uma comparação com uma passagem ou outra da obra, como bem fizeram no tópico se você notar. Da mesma forma que se você fosse um oriental talvez a comparação teria fundamento numa lenda milenar que só lá se conhece e assim por diante. E isso é bom. Não há certo ou errado. Tudo tem sua lógica de acordo com os parâmetros com que se sustenta. E eu não ficaria nada surpreso caso o Paul Anderson (diretor do filme) chegasse no referido tópico e relatasse uma história totalmente diferente e sem sentido - quando comparada as outras, é claro - praquilo que ele queria dizer com aquela tempestade verde e melequenta. Porque é exatamente disso que se trata. Afinal de contas é isso que chamam de liberdade poética, ou não? Cada um pensa o que quiser daquilo que vê e fica tudo bem, tudo certo.

Mas se você quiser saber, a interpretação que eu faço é mais ou menos como alguns definiram numa das páginas (ó lá eu me sugestionando também- rs). Os sapos caindo do céu, como eu vejo, é uma alusão a uma das frases mais usadas ao longo do filme e que também estava escrita no canto do quandro que enfeitava a sala da personagem Claudia, algo mais ou menos como "isso realmente acontece", e acontece mesmo, por mais estranho que pareça e com mais frequência do que se pensa, não me refiro à anfíbios caindo pela janela, mas à coisas estranhas e incomuns que ocorrem todo dia na vida e na casa de cada um e mais ninguém fica sabendo. Casais se ameaçando com espingardas, gente tendendo ao suicídio, filhos ressentidos com pais, pai molestando filha, problemas de relacionamento, enfim. A vida é cheia disso e não é porque não acontece com a gente que tais "chuvas de sapos" como essas não ocorram. Elas estão aí sim. O tempo todo. E mais perto do que se imagina. Sapos enormes e incômodos como aqueles estão em todo lugar. E mais cedo ou mais tarde, é no seu teto que um deles vai cair.

sábado, 21 de março de 2009

Mais um da série "calo a boca e deixo falar por mim"

Porque quando eu não sei o que dizer, o mais sensato é deixar que os outros falem por mim.

"Everyday I love you less and less. It's clear to see that you've become obsessed. I've got to get this message to the press: that everyday I love you less and less.
And everyday I love you less and less. I've got to get this feeling off my chest. The doctor says all I need's pills and rest. Since everyday I love you less and less
And less, and less. I know, I feel it in my bones. I'm sick, I'm tired of staying in control. Oh yes, I feel a rat upon a wheel. I've got to know what's not and what's real. Oh yes I'm stressed, I'm sorry I digressed. Impressed you're dressed to SOS
Everyday I love you less and less. You're turning into something I detest. And everybody says that you're a mess. Since everyday I love you less and less
Unless, unless. I know, I feel it in my bones. I'm sick, I'm tired of staying in control. Oh yes, I feel a rat upon a wheel. I've got to know what's not and what is real. Oh yes I'm stressed, I'm sorry I digressed. Impressed you're dressed to SOS."

terça-feira, 17 de março de 2009

O melhor episódio de 2008

Que me perdoem os responsáveis pelas outras séries que eu acompanho. Mas esse título só podia ser dado a LOST mesmo. E olha que quando eu postei isso aqui em fevereiro, eu mal sabia da existência dessa lista da TIME que coloca 'The Constant' no topo dos episódios do último ano.

domingo, 15 de março de 2009

Os Gonnies

Se eu fosse dividir minha vida em filmes, "Os Gonnies" seria a representação de toda minha infância. Tenho a imagem dessa cena ainda bem nítida na memória: era a tevê, eu, o dito filme e mais nada. O efeito vinha rápido e o resto do mundo apagava pra mim. Em um minuto, era eu quem lutava com piratas, procurava por tesouro e de bônus cultivava um medo master do Slot.
Hoje, lendo nesse link o que foi feito do elenco, lembrei que há anos tô me devendo uma dose dupla desse filme. Tô precisando me desligar do mundo um instante. E fingir que estar preso e acorrentado ao lado do Slot ainda era o maior dos meus problemas.

sábado, 14 de março de 2009

A Cidade do Sol

Teria sido uma leitura muito melhor caso eu não tivesse com 'O Caçador de Pipas' na cabeça o tempo todo, comparando cada cena e cada personagem. Eu bem que tentei, mas sempre tinha algo remetendo ao livro anterior e a constatação nunca era a favor do segundo. Talvez se eu tivesse lido daqui uns quatro ou cinco anos eu teria feito um julgamento totalmente diferente. Mas assim logo em seguida, os dois juntos, acho que não. Não é uma questão de conteúdo, 'A cidade...' também tem seu valor, mas tendo um relato ao nível de 'O caçador..' como parâmetro, não dá. Perde feio, e aqueles comentários na contra-capa ficam todos sem sentido.

sexta-feira, 13 de março de 2009

Das coisas que eu detesto fazer...

As que me dão mais asco são essas:

5º- Dormir tarde e acordar cedo;

4º- Esperar por alguém ou alguma coisa;

3º- Dar aula em dia que tenho prova na facu;

2º- Manter um diálogo quando não tô a fim de papo;

1º- Ser obrigado a fazer qualquer coisa (e todas as outras se resumem nisso);

domingo, 8 de março de 2009

Egoísmo, sim.

Na semana passada ela tomou coragem e me disse em alto e bom som que eu era egoísta. E que quando ela pedia minha opinião sobre alguma coisa só dela, eu respondia sempre em primeira pessoa. Quando não, era o meu silência que vinha de resposta. Isso tudo, segundo ela, fazia de mim um baita de um egoísta. Quase um crime, pelo tom de voz e a expressão que usava.

E quer saber, concordo plenamente com ela. Eu sou humano. E tem característica mais humana do que o egoísmo? Seja em maior ou menor grau? Acho que não. É como a melanina que existe na pele, alguns tem mais, outros menos, mas todo mundo tem. Com exceção dos albinos que não tem quase ou até nenhuma mesmo, mas até esses também têm suas variações de egoísmo.

Eu vejo isso como um esquema camuflado de conservação do indivídio, de auto-preservação. De proteger o que é seu. De valorizar o que é importante pra você, seja material ou não. É como uma mola que dá sustentação a maioria das ações humanas.

O que seria o ciúme se não um pedaço do egoísmo, o medo de peder alguém. Ou o egoísmo no choro de uma mãe que vê o filho indo embora de casa, vendo se esvair ali na sua frente a convivência com alguém que um dia foi literalmente uma parte sua. Ou o egoísmo velado de um religioso fervoroso que faz o bem ao próximo pra garantir a salvação eterna de mais niguém, mas somente a sua própria.

Conheço uma pessoa, e eu sei que isso é bem sincero, que faz tudo pelos outros, vive dando presentes, enfim, afirma sentir um grande prazer nisso. Minha mãe diz que ela pode ser tudo na vida, menos egoísta. Mas e esse prazer que ela sente em fazer isso, que ela afirma ter, que só ela e mais ninguém sente - tudo bem que quem ganha os presentes também deve sentir prazer, lógico -, mas esse "prazer" dela e que é somente dela não seria lá fruto de um egoísmo? Só que, nesse caso, encoberto sob o véu do altruísmo?

Eu realmente não vejo o que há de tão errado nesse "dragão alado e cuspidor de fogo" que fazem do egoísmo. Negar o egoísmo, é negar o que somos, o que queremos e o que pensamos. É negar a si mesmo algo que sempre foi e será seu. É negar uma fase essencial do desenvolvimeto. E afinal, se é o bem de todos o que todo mundo quer, então que mal há em começar pelo bem de si próprio?

domingo, 1 de março de 2009

Foram da loja direto pra minha estante

Depois de uma promoção relâmpago na livraria do Beco que me pegou totalmente de surpresa e, por sorte, temporariamente prevenido:

A Casa dos Espelhos - Sérgio Kokis

Garotos Incríveis - Michael Chabon

Chame de pessimismo, se quiser.

Mas existem certas constatações sobre a vida que não tem pra onde fugir. É assim que a engrenagem e o sistema funcionam e ponto. Não tem porque argumentar, basta admitir. E uma delas eu ouvi durante o último feriado, motivada pela crise financeira que ruiu as bases do nosso carnaval. E ela se resume no seguinte:

"Quando a gente é jovem, tem-se tempo de sobra, mas não há dinheiro. Quando se é adulto, aparece o dinheiro, porém não se tem tempo. E quando tu fica velho, tem-se bastante tempo, o dinheiro surge da mesma forma, mas não há saúde que agüente."

Pode não ter sido com estas exatas palavras, mas em essência foi algo mais ou menos assim. Nada mais coerente, me parece. Você também há de convir.