domingo, 8 de março de 2009

Egoísmo, sim.

Na semana passada ela tomou coragem e me disse em alto e bom som que eu era egoísta. E que quando ela pedia minha opinião sobre alguma coisa só dela, eu respondia sempre em primeira pessoa. Quando não, era o meu silência que vinha de resposta. Isso tudo, segundo ela, fazia de mim um baita de um egoísta. Quase um crime, pelo tom de voz e a expressão que usava.

E quer saber, concordo plenamente com ela. Eu sou humano. E tem característica mais humana do que o egoísmo? Seja em maior ou menor grau? Acho que não. É como a melanina que existe na pele, alguns tem mais, outros menos, mas todo mundo tem. Com exceção dos albinos que não tem quase ou até nenhuma mesmo, mas até esses também têm suas variações de egoísmo.

Eu vejo isso como um esquema camuflado de conservação do indivídio, de auto-preservação. De proteger o que é seu. De valorizar o que é importante pra você, seja material ou não. É como uma mola que dá sustentação a maioria das ações humanas.

O que seria o ciúme se não um pedaço do egoísmo, o medo de peder alguém. Ou o egoísmo no choro de uma mãe que vê o filho indo embora de casa, vendo se esvair ali na sua frente a convivência com alguém que um dia foi literalmente uma parte sua. Ou o egoísmo velado de um religioso fervoroso que faz o bem ao próximo pra garantir a salvação eterna de mais niguém, mas somente a sua própria.

Conheço uma pessoa, e eu sei que isso é bem sincero, que faz tudo pelos outros, vive dando presentes, enfim, afirma sentir um grande prazer nisso. Minha mãe diz que ela pode ser tudo na vida, menos egoísta. Mas e esse prazer que ela sente em fazer isso, que ela afirma ter, que só ela e mais ninguém sente - tudo bem que quem ganha os presentes também deve sentir prazer, lógico -, mas esse "prazer" dela e que é somente dela não seria lá fruto de um egoísmo? Só que, nesse caso, encoberto sob o véu do altruísmo?

Eu realmente não vejo o que há de tão errado nesse "dragão alado e cuspidor de fogo" que fazem do egoísmo. Negar o egoísmo, é negar o que somos, o que queremos e o que pensamos. É negar a si mesmo algo que sempre foi e será seu. É negar uma fase essencial do desenvolvimeto. E afinal, se é o bem de todos o que todo mundo quer, então que mal há em começar pelo bem de si próprio?

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