domingo, 20 de abril de 2008

Lá onde chamam de Taiti

Eu só espero não me arrepender de nada. E caso isso aconteça que não seja tanto, que o tapa seja de leve, a bronca curta e se for possível que possa voltar tudo e refazer do início. E só por hoje não quero mais pensar se escolhi certo ou errado, que daqui a duas horas vou estar dormindo e pela manhã isso não vai ter a menor importância. Que a madrugada e o sono remendam o que for preciso e a manhã deixa tudo mais fácil. E amanhã, amanhã já nem me lembro.

Eu só espero, espero mesmo, não acordar depois das dez horas de um feriado e perceber que perdi meu tempo e talvez o seu também. A intenção era das melhores, juro. E se errei, se passei vergonha, se ri - e, admito, teve até uma vez que chorei de graça e sem pudor nenhum - isso não vem mais ao caso, que erremos todos juntos e fica tudo bem. Além do mais não fui o único nem o último. É o meu consolo e você sabe bem disso.
Só me lembre de vez em quando que em menos de um mês tô chegando na casa dos vinte e que se fizer algo de errado eu vou parar na cadeia e não na diretoria. Logo eu que nunca fugi, que só ficava da janela achando o "lá fora" muito esquisito e ciente de que a saudade que eu tenho hoje já tava bem presente e pulsava desde muito tempo atrás, quando meu estético mandava no meu ético e o agora cabia perfeitamente num retrato dez por quinze sem moldura. E lá de fora o vidro é preto, de janela passou a espelho. Que o problema, que o que eu tinha mesmo era medo, puro medo de meter a cara por aí, cego, mudo e surdo de insegurança, e querendo quem sabe um dia ter um terço da tua sorte e metade da tua cara-de-pau. Não é à toa, é só que o fim do mês tá chegando, o dinheiro tá acabando, os X no calendário tão aumentando rápido e, mal dá pra acompanhar.
E mesmo parecendo papo de alguma coisa anônima, fique sabendo que por mais um dia eu não desisti, por mais um dia eu não larguei tudo e me mandei de vez pro Taiti pra vender água de coco e colher minha própria raiz. E te mandar uma vez por ano, do outro lado do mundo, um postal de Feliz Natal e perguntar mais uma vez como é que vão as coisas, se você tá bem mesmo e se ainda lembra de mim.

Nenhum comentário: