segunda-feira, 14 de julho de 2008

Possuo uma raridade na minha estante...

Até que me provem do contrário. Presente da única vizinha culta que já tive na vida - os atuais escutam muito forró (leia-se apenas forró, única e exclusivamente, e nada mais) - mas ela casou, foi embora e levou junto os possíveis presentes que eu talvez ganharia nos anos seguintes e que eu, burramente, só daria valor muito tempo depois.
No meu décimo quinto aniversário - eu lembro bem pois foi aí que tive minha primeira crise de idade, a segunda foi aos dezoito e a terceira agora aos vinte - ela me aparece com um trambolho grande, pesado e rígido que me fez pensar ter ganho um tijolo embrulhado de presente. O negócio era um livro enorme, azul e dourado, de grosso calibre e capa dura. Era um Tolstói. Um Anna Karênina. Na época eu não tinha a mais vaga idéia de quem fosse esse cabra e muito menos essa tal de Anna. Lembro também de ter exilado o coitado numa estante por muito tempo até ler uma entrevista da Oprah na Veja. Na página ela (Oprah) tratava o tal livro como um muçulmano em relação ao Alcorão. E assim, logo ao canto, numa nota mais humilde que discreta, vinha a imagem da capa desse livro (gêmeo do meu) seguido de um texto que falava dessa edição limitada da obra, que era coisa rara, tipo que era mais fácil ver a Britney parir um jumento que dar de cara com um exemplar desse, que valia uma nota, que isso e aquilo.
A questão é que o bicho ainda tá lá, empoeirado e largado na estante, já ensaiei umas duas ou três leituras, mas nunca passei do quinto capítulo. É como falam da estátua do Cristo né?! Não precisa vê-lo todo dia, mas é sempre bom saber que ele tá lá. Quando precisar tá lá, coisa assim.
Trago isso como uma meta que estabeleci pra dar um rumo na minha vida, ainda vou dar cabo dele, algum dia. É raridade... ou não... vai saber. Li na Veja né?! Então dá um desconto.

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