sábado, 1 de dezembro de 2007

Vez ou outra te aparece alguém desconhecido no ônibus ou na fila do banco ou na espera do consultório ou onde quer que seja e que te faz de analista e te reclama não só do mal tempo como também das mazelas da vida, das injustiças, dos problemas e coisa e tal. Nessa semana me apareceram duas. Duas senhoras. Duas desbocadas. Duas despudoradas.
A primeira me pegou saindo da farmácia. Chegou do meu lado e depois de me dar o maior susto despejou a metade da biografia dela. Em menos de trinta segundos, contou do marido que a tinha largado depois de dez anos de casados, dos três filhos, do emprego mal-resolvido e dos "fãs", prestenção que ela deu ênfase nessa parte, segundo ela: um por dia. Eu só ria e concordava. Dei um 'thank God' mental quando a calçada terminou, ela virou, murmurou algo e sumiu.

A outra, mais senhora que a anterior e mais, digamos, 'saliente', era um quadro psicodélico do festival de Woodstock vivo. Uma figura estranhíssima. Se trajava feito uma árvore natalina. Rasgou a vida da filha inteira, que estuda Terapia Ocupacional na UNIFOR, morou dois anos na França, faz ioga, se não me engano também surfa e se chama... Poliana, se não me falha o cabeçote. Também detalhou a dela, mas nessa hora eu já nem escutava, só respondia com monossílabos: hum, ah, tá, é, sim, não... no máximo um 'é verdade' ou um 'também acho'.

Povo sem noção, com tanto seqüestrador solto na praça.

Só queria saber que bicho é esse que dá nesse povo de sair contando tudo assim de graça pro primeiro estranho que surge?

Um comentário:

Deise Rocha disse...

ah, talvez eles achem q vc tem cara de bom ouvinte...
e pelo visto...

rsrs

e já percebeu q na maioria das vezes são senhores idosos q nos dão um esboço completo de suas vidas???

rsrs