quarta-feira, 15 de abril de 2009

Não se engane

As pessoas sempre nos surpreendem. E nos desapontam também. Não raro, algumas delas conseguem fazer os dois juntos, surpreendem desapontando, na sua cara, sem o menor ressentimento. Quando se trata de pessoas, esteja pronto pra receber de tudo, bem ou mal, é assim que elas são.

Por mais que você ache que conhece alguém de verdade, pense mais um pouco e espere, mais cedo ou mais tarde você vai notar que estava totalmente enganado. Vai ver quão cego era, quão estúpido era e vai sentir vergonha, vergonha mesmo, de conviver com certas pessoas. Não vou aqui generalizar e dizer que a humanidade está perdida. Embora muitas vezes pareça. Embora muitas vezes a única solução aparente seja esta, perda total e irreparável de qualquer vínculo interpessoal, de convivência, de reconhecimento diante dessas pessoas.

Casos assim de súbito desapontamento demandam um nível muito alto de abstração, de superação e da capacidade de perdoar do sujeito. O perdão por si só já exige muito da pessoa. Requer uma força de vontade e um poder de esquecimento que poucos possuem. Sendo bastante honesto, perdoar pra mim, dependendo da gravidade do acontecimento, é um passo atrás com relação a tudo aquilo em que eu acredito, que eu vivi e que eu sinto. Perdoar da boca pra fora é muito fácil, difícil é esquecer os motivos que geraram todo o desconforto até chegar a esse perdão. E esquecer pra mim é algo quase impossível. Eu vejo isso como uma ação involuntária, não dá pra escolher o que esquecer e o que não esquecer. O que eu penso me afeta diretamente, e o que não esqueço me afeta mais ainda. Afeta justamente porque vai de encontro aos meus princípios. E perdoar requer ir além de todos os seus princípios. E isso, sinto dizer, é algo que definitivamente não consigo.

2 comentários:

Vitoria Esewer disse...

Minha idéia original era dizer que não concordo com nada que você disse. Não acho que as pessoas necessariamente vão nos magoar, da mesma forma que acho que devemos perdoar quando for necessário. Mas mudei de idéia. Não vou mais dizer isso, pelo contrário; vou dizer que concordo plenamente com você.

Há alguns dias, aconteceu comigo uma coisa que se encaixa em tudo o que você disse. Uma pessoa de quem gosto muito - e que julgo conhecer profundamente - me magoou. Foi por um motivo tolo, um acontecimento pequeno e sem importância, mas que bateu tão forte em mim que continuo magoada até agora. O que vai contra também o que eu ia dizer sobre perdão: se ainda não pude perdoar uma coisa tão boba, provavelmente jamais perdoaria uma falta muito maior.

Mas não acho que as pessoas nos magoem porque nos enganamos sobre elas. Pelo contrário: muitas vezes sabemos exatamente como a pessoa é, o que ela é capaz de fazer e como costuma tratar as pessoa, mas fingimos não ver, ou acreditamos que, por uma consideração que geralmente sabemos que não existe, ela nunca nos trataria da mesma forma que trata os outros. Para qualquer um está claro que a qualquer momento isso aconteceria, e só nós não víamos.

O que não significa que devamos nos afastar de todos que nos magoam de alguma forma. Se agirmos assim, acabaremos sozinhos, porque em algum momento, principalmente em amizades longas e duradouras, vai acontecer algo que abale a relação entre as pessoas. É preciso superar isso, mesmo que não perdoado, e seguir em frente.

E sempre se lembrar das vezes em que fomos nós os culpados por machucar alguém.

(ficou maior do que eu esperava, desculpe) =)

beijos e bom fim de semana

hilário souza disse...

Vitória,

hoje, pensando mais sobre tudo isso q vc escreveu e sobre o que eu escrevi, devo confessar que o que coloquei ali foi fruto de puro impulso. cabeça quente, vontade de pôr pra fora. saiu. e saiu mais dramático do que deveria ser. e um pouco mais exagerado tbm.rs

mas pode deixar que da próxima vez vou contar até 10 antes de começar a escrever qualquer coisa.rs

mas eu realmente não pretendia generalizar a coisa a tal ponto como falei. minha intenção era especificar somente em casos como esse seu, e como o meu que deu origem ao post.

enfim, você entendeu.

valeu pelo comentário.

grande bjo.