segunda-feira, 20 de abril de 2009

E ele bem que tentou com a gente

Aparentemente usando aquele velho esquema de "se colar, colou". E esperou o momento mais adequado enquanto nós dois desatentos caminhávamos conversando as mesmas banalidades de sempre pela rua estreita, mas até que movimentada, às cinco da tarde de uma sexta-feira úmida e abafada, resultado da trégua entre a terceira e a quarta chuva que ainda desabaria naquele dia.

Nós dois que de lá vínhamos, distraídos com vai e vem do diálogo que apagava o mundo ao nosso redor, mal sabíamos que o de cá por nós esperava, ansioso por um celular, um tênis, um trocado esquecido no bolso ou qualquer outra coisa que o valha.

No momento certo (ou errado), logo na esquina quase no final da rua, ao lado do orelhão e em frente a academia, eis que os três se esbarram. Vieram o choque e o susto, não só do estado e da aparência do estranho, mas também da frase por ele pronunciada, e tantas vezes esquivada por nós. "Isso é um assalto", só aí paramos o papo, descemos à Terra e demos conta do que acontecia.

-Pausa pra advertência-

O manual básico de sobrevivência urbana adverte: nessas horas, não exite, entregue tudo e seja feliz. Embora o prejuízo seja por vezes grande, o rombo se atem apenas ao bolso e deixa intacto o resto do corpo. E, mais importante, não tome nossa audácia como exemplo.

-Fim de pausa-

Tão bem paramos, nem esperamos qualquer reação do infame, demos meia volta e de lá retornamos como se nada tivesse acontecido, só esperando qualquer coisa vindo daquela direção: uma bala, uma facada, uma pedrada, no mínimo. Mas ficou por isso. Somente minutos depois, já seguros atrás do balcão da padaria, é que nos demos por inteiros e, por muita sorte, ainda com os pertences no bolso. Se ele estava realmente armado, isso não sei. Pensando bem sobre tudo agora, é até provável que não. Mas nos dias de hoje, as coisas estando como estão. Eu é que não ia esperar pra saber se o assalto era de verdade ou não...

Moral da história (se é que há):
Você pode até tentar, mas a reação que temos diante de uma situação como essa é algo que não dá pra prever. A não ser que você se auto-regule feito um monge tibetano, a sua ação, dependendo do caso, é uma dúvida constante. Uma dúvida que só encontra resposta na hora H mesmo. Na hora do sufoco. Mas essa é uma dúvida que eu conservaria sem resposta numa boa pelo resto da vida. Porque isso é uma coisa que eu não faria e nem faço a menor questão de descobrir.

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