
A verdade é que ninguém admite ou se sente confortável para se afirmar dessa forma. A frase: "A culpa é minha" não é algo que sai da boca com muita facilidade e nunca é dita com orgulho, nunca é finalizada com um sorriso no rosto. Culpa é meio como um defeito ou uma ferida no ego que todo mundo prefere manter a uma certa distância, mas que teima em ficar cada vez mais perto, nas mais diversas ocasiões, mesmo quando não se faz perceptível, dando as caras somente horas ou dias depois do evento causador, mas que quando aparece tem efeito e força suficiente pra permanecer viva e incômoda por muito tempo. É como se ela guardasse e conservasse o seu poder dentro de cada um, esperando o momento certo de vir à tona, liberar o seu potencial e nos mostrar como nos enganamos, como somos cegos à respeito de nós mesmos, como podemos nos surpreender com o que fazemos, no exato instante em que encaramos os fatos e vemos as falhas e as injustiças que cometemos ao longo da vida.
Porém, excetuando todas as conotações negativas, essa culpa possui grande valor quando nos obriga a fechar os olhos e ver o lado de cá da nossa existência, nos ajudando a nos compreender melhor, a entender porque fazemos e dizemos coisas nos momentos mais inapropriados e inoportunos, e como somos “culpados” novamente em não fazer isso mais vezes, em não se dar conta de como essa auto-reflexão faz falta, em ignorar a lógica e a certeza de que esse exercício evitaria muitas situações e sentimentos como esse caso ele fosse mais utilizado. Utilizado no momento certo, na hora em que ainda é possível evitar essa culpa e não mais quando o que resta é só lamentação e arrependimento.